Crime Imperdoável
Com sua filha de bondade infinda,
Maria Rita, encantadora e bela,
Morava a viúva dona Carolinda,
Junto ao engenho do senhor Favela.
Paciente e boa e cheia de carinho,
Passava os dias sem pensar na dor
Reinava ali, naquele tosco ninho,
Um grande exemplo do mais puro amor.
A linda jovem, flor de simpatia,
De olhos brilhantes e cabelo louro,
Além de arrimo e doce companhia
Era da mãe o virginal tesouro.
Tinha uma voz harmoniosa e grata
Maria Rita, a filha da viúva,
Igual a voz do sabiá da mata,
Quando êle canta na primeira chuva.
Maurício, um filho do senhor do engenho,
Um estudante, bacharel futuro,
Apaixonou-se, com o maior empenho
De saciar o coração impuro.
E com promessas de um porvir brilhante,
Fazendo juras de casar com ela,
Tanto insistiu o traidor pedante
Que conquistou a infeliz donzela.
Tornou-se em pranto da menina o riso,
Anuveou-se o doce amor materno,
Aquêle rancho, que era um paraíso,
Foi transformado em verdadeiro inferno.
Depois, expulsas pelo mundo afora,
Sorvendo a taça de amargo fel,
Soluça a mãe e a triste filha chora,
Horrorizadas do chacal cruel.
Vive o monstro a prosseguir no estudo,
Enquanto o manto da miséria as cobre,
Porque só o rico tem direito a tudo,
Não há justiça para quem é pobre...
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