quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A FÚRIA NEGRA RESSUSCITA OUTRA VEZ



No domingão de 26 de dezembro tive a oportunidade de colar com meu primo Deá, de Curitiba, no show de rap mais esperado do ano. O mano Dexter aproveitou o indulto de natal e colou na capital paranaense para realizar esse show histórico. Hoje o mano é um dos grandes nomes no cenário do rap nacional. Privado da liberdade há 12 anos, está em regime semi-aberto, durante o dia trabalha numa loja de artigos de Hip-Hop em São Paulo e de noite volta pra dormir no presídio. Numa troca de idéia com o mano, que se mostrou 100% humildade, me contou que em fevereiro estará em liberdade total.

Eu acompanho o trabalho desse mano desde uma música de seu primeiro grupo "Linha de Frente" que saiu no Cd do Escadinha "Brasil 1". A música chama-se "Barril de Pólvora" e traz a parceria de Afro X. Foi com Afro X, que na casa de detenção eles montaram o grupo 509E, que fez grande sucesso com os dois cds que foram lançados. Depois que Afro X ganhou a liberdade, Dexter inicia correria solo e lança dois álbuns. o Primeiro intitulado "Exilado Sim, Preso Não", e o segundo "Dexter e Convidados Ao Vivo". Em breve Dexter lançará um álbum novo, o qual já disponibiliza algumas músicas na internet.



O evento em Curitiba foi realizado no Espaço Cult e estava arrecadando brinquedos para serem doados a crianças carentes. No evento eu encontrei o mano Gueg de PG, da Família Ponta Rap e os meus irmãos de hospício Neguinho e Poeta Loko do grupo Rajada Mc's de Campo Mourão. Tive a oportunidade de subir no palco com os manos e recitar uma poesia na abertura do show, que foi de milhares.



O show do dexter foi bem diferente de outros shows de grupos paulistas que eu já assisti. Primeiro porque ele cantou três músicas do Racionais ( no rap não é comum os grupos cantarem covers). Segundo porque ele levou vários convidados pra cantar juntos, entre eles o mano Gregory do grupo "Total Drama" e o mano Lakers do grupo "Código Fatal".

Eu saí desse show mais fortalecido, por ver vários amigos que eu não via há tempo; por conhecer outras tantas pessoas (inclusive uma mina do interior paranaense que é integrante do MST); e também por ver a força, perseverança e luta desse mano que está há 12 anos exilado e que não desistiu de viver, de sonhar, de lutar e de batalhar por um mundo melhor de se viver.

"Bem ou mal, coisa e tal, sobrevivi / Como Fênix renasci / Sou guerreiro de fé e por Deus abençoado / Lutei bravamente, fui coroado / Bem aventurado é aquele que crê / Na força divina, no seu poder / A fé na vitória tem que ser inabalável / E a fé do preto aqui é incontestável / Quantas vezes em meses chorei / Lágrimas de solidão derramei / Pensei em desistir, não prosseguir, e parar / Mas não Deus me deu força pra continuar / O sofrimento também é uma escola / Glória ao pai pela vitória".
(Trecho dá música Fênix).

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