Dezembro já foi, meu irmão
Cabô o dezembrão / Cabô o dezembrão
Dezembro maneiro, com décimo terceiro
Dinheiro na mão / Dinheiro na mão
Na mão do explorado, do pobre coitado
Do negro açoitado, pela escravidão
Brilhou lá no céu, nosso Papai Noel,
Que mundo cruel que vive de fé
Aqui não tem neve, então até breve,
Porque na favela não tem chaminé
Não tem chaminé
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Esse é o ano 11 depois do 2000 /
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Esse é o ano 11 depois do 2000 /
Depois do 2000
Janeiro tá aí vamos pagar as contas, juntar todo o lixo
Mundão consumista, mercado macabro, achou o seu nicho
Janeiro cabreiro, cabô o dinheiro, da mão do povão
Mas sobra dinheiro na conta bancária do nosso patrão
Do nosso patrão
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
E vem fevereiro e vem carnaval, o ano começa
Político sacana, cara de pau, não cumpre as promessas
Promessa ou proposta, perdeu a aposta, político de bosta
Político de bosta
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
O março não tarda e os homens de farda já vem reprimir
Mulheres lutando, salve as feministas que vão resistir
A marcha machista, cruel terrorista, vem pra massacrar
Mas a nossa sina, dos manos e das mina é se libertar
É se libertar
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
Abriu-se o Abril, abriu-se as cortinas, começa o teatro
Comida no prato da carnificina do nosso passado
Passou 47 do autoritarismo, prisões e tortura
Por isso exigimos que abram os arquivos dessa ditadura
Dessa ditadura
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
O Maio é trabaio, mas cadê o cascaio do trabaiadô?
E o 13 de maio, dia da mentira, nóis nunca abraçô
Se liga senhor seu capitalismo logo vai ruir
Cês vão pro abismo e o socialismo nóis vai construir
Nóis vai construir
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
No solstício de junho, seis mês de jejum, dessa democracia
E o protesto é barrado, reprimido, cercado, por lá policia
País que reprime, país que faz crime de lesa humanidade
País genocida, esconde os corpos, esconde a verdade
Esconde a verdade
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
Num 20 de julho pisaram na lua, deu muito hipobe
Num 13 de julho sagrou-se o dia, o dia do rock
Muita revolva, gritos de protesto, assim que se faz
Vem pra luta truta, a hora é essa, guerreamos por paz
Guerreamos por paz
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
Agosto é o mês do cachorro loco, do cavalo loco
Nessa vida loka, tem loco pra tudo, até pra dar pipoco
Agosto é sufoco, é loco indisposto, Agosto é disgosto,
É sangue a gosto, é morto no posto, é corpo sem rosto
É corpo sem rosto
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
Setembro é o mês de ser patriota, de ser idiota
Semana da pátria, dos militares, que recalçam as botas
Setembro sangrento, vai vendo, o Titanic afundou
"Agora já era, é lamentável doutor"
É lamentável doutor
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
Outubro é o mês das crianças, crianças felizes
Que pedem esmola, que dormem na rua, sob as marquises
Em outubro nasceu Maradona, Mané Garrincha e Gandhi,
Em outubro morreu Che Guevara, mas seguimos adiante
Seguimos adiante
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Depois do 2000
Novembro começa de luto, na nossa república
Assassinatos de jovens, é foda, falta política pública
Novembro pra nós: "consciência", nós vai resistir
O negro é raça, é luta, "Salve o Rei Zumbi"
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Esse é o ano 11 depois do 2000 /
Esse é o ano 11 depois do 2000 / Esse é o ano 11 depois do 2000 /
Depois do 2000
Dezembro já foi, meu irmão
Cabô o dezembrão / Cabô o dezembrão
Nenhum comentário:
Postar um comentário