sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CINDERELLA LET’S DREAM

Uma fada bruxa brusca de riso ríspido, áspero e sombrio
Vestindo branco em meio às névoas dos trovões
Um príncipe humilde de um reino simples
Nocauteado pela beleza da faxineira maltrapilha
Que veste lua e varre o tempo com a vassoura do dia
Uma mãe, duas filhas mulheres e um organismo ainda não identificado
Um mordomo que veste luxo, mas dança com as mãos no chão da servidão
Todo o reino batendo cabeça nos braços psicodélicos do baile real
Nas unhas sujas do salão da fábula
O pranto que ri da ingenuidade humana
O riso que choca e que chora a perca dos dentes queridos
Dos entes queridos

No tiquetaquear do relógio a contagem regressiva dos sonhos
A vida de grão em grão esvaindo-se na ampulheta da noite
A tarde envelhecendo, agonizando e morrendo
Vestindo luto na chegada da meia-noite, da morte-noite
A sapatilha velha, gasta, fedida,
Perdida nas feridas do canto do mundo
De pé em pé, anda a pé ao encontro de seu destino
O destino ao avesso des-destinando-se no bucho da bucha
Que suga a água suja do ventre da casa
No vão do muro da hierarquia da casa
Nas asas anarquistas do canto-conto
O canto dos contos na distorção das guitarras
Nos acordes da diversidade, do despertar da sexualidade
Do direito de sonhar a vida
De des-sonhar os pesadelos diários
De des-servir-se da servidão rotineira

Vai Cinderela
Se agarra no rabo do cometa da estrada
Pisa firme nos espinhos do caminho
Pra trás só ficam lembranças
Cravadas nas suas pegadas
Escorrendo pelo ralo da miséria humana
Nas marcas das suas sapatilhas simpáticas

Segue seu rumo
É hora de undergroundear, empreender a própria vida
Aposte tudo na bolsa de valores do maior dos valores

LIBERDADE!!!

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