terça-feira, 16 de março de 2010

ADRIANO, A MÍDIA E A FAVELA (Por: Danilo Georges).



O jogador do Flamengo Adriano constantemente é alvo de manchetes e matérias polêmicas. Em sua maioria, as matérias envolvem sua vida particular em torno de sua ida e vinda pela favela Vila Cruzeiro do Complexo do Alemão-RJ. Em um teor preconceituoso, a grande mídia sempre condena a relação do jogador com a favela, sempre insinuando a sua possível relação com o tráfico e o envolvimento com drogas. Imprescindível nos grandes jornais como sempre se faz alusão das favelas como o “lugar” do tráfico de drogas, assim se reforça e justifica a barbárie cometida contra a classe pobre.

Mas Não precisamos ser muito inteligente pra saber que as maiorias das pessoas que residem nessas áreas periféricas são trabalhadoras. Mas o que devemos nos perguntar é o porquê o fato de uma figura carismática como o Adriano, quando ele diz adorar a sua comunidade Vila Cruzeiro, incomoda tanto a rede Globo e seus jornais filiados: o Dia, o Globo, etc.

A situação é tão esquizofrênica que Adriano tem que justificar o que ele faz no lugar em que nasceu, cresceu e se enraizou, criando laços de pertencimento com o seu lugar: a sua favela.

Em entrevista à jornalista Patrícia, poeta no programa Fantástico da rede Globo, ao ser questionado sobre o que ele buscava na favela ele respondeu: “Humildade, sinceridade força. Quando eu acho que tá tudo bem eu piso lá, vejo meu povo com tanto sofrimento e arranjando força,lutando e sorrindo...”.

Percebe-se nessa hora uma emoção de Adriano.

Não é a primeira vez que uma relação de um astro do futebol e sua relação com a favela gera polêmica. No ano de 1994 o craque daquela seleção Romário foi muito contestado pela mídia, por ter ido comemorar o título mundial nas proximidades da favela de Acari-RJ. Em minha opinião é uma atitude louvável uma pessoa reconhecer as suas origens. E de certa forma mostrar de que na favela há vida, amor, amizade, carinho, alegria, como em qualquer outra parte da cidade.

E no caso de Adriano ainda mostra a face de um sujeito íntegro que reconhece seu passado e ainda sente com a dor de seus “irmãos” e sofre com as angústias de sua comunidade. Não vejo como uma anomalia um sujeito que ficou famoso, milionário, gostar da sua comunidade, do seu povo e de se sensibilizar com isso. Acho isso louvável. Normal seria para jornalistas como Pedro Bial, Arnaldo Jabor, Ali Kamel entre tantos outros, seguir a lógica individualista predominante na sociedade capitalista.

Para essa mentalidade profana o certo era ele esquecer seu povo, seu lugar e fazer como muitos. Fazer propaganda do PAC e defender a “pacificação” da policia nas favelas cariocas. Depois virar embaixador da “paz” no Haiti ou fazer propaganda pedindo doação ao criança esperança. Isso é o ideal para rede Globo e companhia.

O dinheiro tirou Adriano da miséria, mas ainda não conseguiu o tirar da favela.
Torço para que ele continue sendo lúcido, íntegro e ajude a elevar a auto-estima dessa comunidade que sofre ataques diários por essa mesma imprensa covarde.

No último domingo dia 14/03/2010, Adriano marcou um gol no Maracanã e em comemoração exibiu uma camiseta com a frase “Deus perdoe essas pessoas ruins”.

Eu acho que eu sei a quem ele se referia.

Adriano só quer ser feliz e andar tranquilamente na favela em que nasceu.

Fonte: http://www.metamorfozesnacidade.blogspot.com/

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