quarta-feira, 3 de março de 2010

Poesia de Deley de Acari

Pelos Pacatos Que Se Foram
Pelos Justos Que Ainda Vivem
Para Que Morram Velhos, Justos E Sãos.

Pelos pacatos que se foram
Que viviam o lado certo
De uma vida errada.

Pelos justos que ainda vivem
Que o senhor os livre de toda
E qualquer cilada
E morram velhos, livres e sãos.

Na calada da noite
Traiçoeiros como serpentes
Os vermes invandem nossa quebrada
Como se a nossa comunidade
Fosse um país inimigo que destroem
Com odio e crueldade...

E nossa gente tranquilia seus algozes
Que eles tem que esmagar nossas vidas
E calar nossas vozes com suas botinas
Sujas de lama de nossas vielas.

Então com a coronha de suas akas
Arrebentam portas e janelas
Esculacham e bulinam nossas mulheres
Escarram brizolas ressequidas
De suas narinas nas nossas panelas
Como se fossem latrinas.

E vão embora como se fosse normal
Toda crueldade e todo mal
Que insensivelmente cometem
Contra nossa gente.

Porque somos pacatos
Pensam que somos covardes,
Porque somos humildes
Pensam que somos submissos,
Porque somos calados
Pensam que aceitamos sem reagir
Que espanquem, torturem, humilhem
E chacinem nossos meninos.

Porque rosnam e babam feito pitbull
Pensam que nos paralizam de medo
Nos botando terror.

Porque amamos a paz
Pensam que tememos a guerra
E fazem de nossa comunidade
Um campo de concentração...

Pensam que ficarão impunes
Seus crimes perversos contra nossa favela.

Porque trazemos os braços abertos
E as mãos vazias e limpas
Pensam que não temos armas
Pra lutar em nossa legitma defesa.

Maior que seu odio e crueldade
É nosso amor pela justiça e pela verdade.

Eu que não desprezo o valor
De outras armas, escolhi o poema,
O funk, o hip hop e o samba
E faço deles mais algumas armas
Pra criar no Acari assim como
Os pacatos e os justos fazem,
Um clima organizado de paz.

(Deley de Acari)

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