domingo, 25 de setembro de 2011

BOTAS E FUZIS

Quando colam aqui
Na nossa favela
Olho da janela
Botas e fuzis.

Guardas nos quintais
Cães e viaturas
Flores, sepulturas
Foi se embora a paz.

Armas na cintura
Gatilhos e dedos
Triste é o enredo
Mortes com fartura.

Tiros de canhão
Esses pé-de-breque
Matam os moleques
Corpos pelo chão.

Quartel de porcos em pleno cio
Procuram vítimas pelo Brasil
Achou terreno fértil aqui na fronteira
Cifrões nos olhos, cofres e carteiras.

Poços de cinismo
Onde um garoto
Anda sobre o esgoto
Do capitalismo.

Algemas, correntes
Hoje um bom dinheiro
Leva os guerreiros
A encher os pentes.

Rostos no jornal
Erva e cocaína
Corpo de menina
Sobre o matagal.

Presa outra quadrilha
Na terra onde os guardas
Com sua espingarda
Sai cobrar propina.

Em nossa terra os policiais
Estão matando jovens na cara dura
E a justiça cega finge não ver
Não quer se envolver, não quer se mover.

Mil desigualdades
Baratas e ratos
Nada dentro dos pratos
Só calamidades

Favelas, mansões
Guetos, condomínio
Ricos no domínio
Jornais, concessões

Mostram na Tv
Roubos na política
A vida ta crítica
Mais um dossiê

E o que mais encobrem?
TV Rede Globo
Faz você de bobo
No horário nobre

Mas isso tudo vai chegar ao fim
Já acenderam o estopim
O povo nas ruas de bandeiras na mão
Cantando o amor pela revolução

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