Feito por um historiador e um ativista do hip-hop, As muitas faces de uma cidade reúne depoimentos de 10 pessoas (artesão, artistas, produtores culturais, dj’s, jornalistas, músicos, grafiteiros, mc’s, flanelinhas, professores de dança, entre outros). Todos mostraram posições parecidas em relação aos problemas sociais do município.
As reações ao documentário, entretanto, atingiram de forma descabida a Casa do Teatro e sua diretora, Arinha Rocha, uma das 10 pessoas ouvidas na produção. A Gazeta do Iguaçu publicou informações inverídicas sobre a entidade, que está por quase duas décadas, reunindo artistas, produtores culturais e mobilizadores sociais.
O colunista, diretor do jornal e presidente da Fundação Cultural, Rogério Bonato, insinua que a Casa do Teatro tentou se “apropriar do Teatro Barracão”. Cabe ao MEGAFONE, um dos apoiadores do lançamento do documentário, resgatar a verdade sobre o equipamento, cujo fechamento, aliás, foi criticado por um professor no documentário. Por isso, publicamos a nota da Casa do Teatro na íntegra. Em breve, mais manifestações.
Ao
Jornal A Gazeta do Iguaçu
Att. Sr. Rogério Bonato
Nesta
NOTA OFICIAL DA CASA DO TEATRO
Pendências (e das boas!)
Tendo em vista a veiculação da coluna de sua autoria, publicada neste diário, na edição do dia 14 de abril, sob o título “Pendengas e das boas”, aludindo ao lançamento do documentário As muitas faces de uma cidade, de autoria dos produtores iguaçuenses Danilo Georges e Eliseu Pirocelli, onde a Casa do Teatro é envolvida em seus comentários, cumpre-nos pedir a publicação dos esclarecimentos que seguem:
1) A diretora desta instituição, a atriz Arinha Rocha, é ouvida na produção mencionada, onde também participam o DJ Carlos “Caê” Traven, o músico Adriano Lopes da Silva, o jornalista Aluízio Palmar, o grafiteiro Anderson Bezerra, o MC Luciano Antonio, o professor de dança Michael Rodrigues, o DJ Nelson Tiago e o flanelinha Thiago Egea. Todas estas pessoas emitiram as suas opiniões e impressões sobre a vida social, cultural e política de nossa cidade, de forma democrática e transparente, beneficiadas com o supremo direito à liberdade de expressão, felizmente, ainda em vigor em nosso país;
2) No texto de sua autoria, a coluna desfere ataques gratuitos baseando-se em um fragmento de nossa entrevista concedida aos realizadores do documentário, abrangendo apenas uma frase, tornada pública durante a divulgação do material, retirada de um contexto maior, conforme mostra o audiovisual.
A sua reação a tão pequeno comentário, de não mais de uma linha e de parcos caracteres, nos provocou surpresa e estranhamento pela raiva, desrespeito e destempero expressos em suas palavras. Acreditamos que espaços públicos, de debate e de publicação de posições e notícias, devem ser utilizados para a boa e saudável discussão, garantindo a pluralidade de idéias e a diversidade de protagonistas, atributos que alargam a democracia e aprofundam o entendimento das pessoas quanto ao temas abordados. Caso esta sua atitude, ao proferir ofensas, tenha a intenção deliberada de tentar nos calar, permita-nos contrariá-lo uma vez mais: não cedemos e não recuamos mediante nenhuma pressão;
3) Na sua condição de servidor público, funcionário remunerado pelos cidadãos iguaçuenses, teria melhor finalidade o seu espaço na imprensa se fosse usado para elencar as realizações, ações e resultados obtidos pela pasta de sua responsabilidade. Mais ainda, na sua posição de servidor público, deveria incentivar e apoiar a produção cultural do município, voltada para o exercício da solidariedade e da coletividade, ao invés de propor um ranking ou competição entre os realizadores culturais, como foi sugerido em sua lavra;
4) Em sua coluna, o senhor falta com a verdade ao insinuar que tentamos nos “apropriar do teatro Barracão” (palavras suas, grifo nosso). Manifestamos, isto sim, uma solicitação para realizar a GESTÃO deste equipamento de cultura, que seria feita de forma efetiva (com a realização de atividades artísticas e culturais) e compartilhada (com a participação de entidades e produtores da cidade). O pedido seguiu os trâmites que regem a administração pública e que garantem a impessoalidade do serviço público, mediante o processo nº 00136507, registrado no protocolo geral da Prefeitura Municipal, em 14 de maio de 2008.
Como se sabe, manifestado o interesse da gestão municipal, cumpridas todas as normas legais, tal pedido seria ainda enviado à Câmara Municipal de Vereadores, para a devida apreciação parlamentar. Não soubemos de manifestações contrárias ao nosso pedido. Aliás, até o momento, sequer obtivemos resposta ao referido encaminhamento. Caso existisse em nossa cidade o Conselho Municipal de Cultura, conforme preconizam antigas e diferentes leis municipais, o nosso pedido de gestão também seria encaminhado para a análise deste fórum superior, como forma de garantir a ampla e profunda discussão, sempre em favor do interesse coletivo e do bem comum.
Há ainda a lembrar que o senhor, na condição de gestor da cultura deste município, realizou diversas ligações telefônicas a esta entidade e ao telefone celular privado da direção desta associação, propondo, oferecendo e entusiasmando o pedido em questão;
5) Na referida coluna, fica sugerida a falta de representação desta entidade na discussão de leis para o segmento cultural. O senhor esqueceu - ou não quis lembrar - ou omitiu as minutas e projetos que lhe foram entregues, imediatamente após iniciar a sua gestão frente à Fundação Cultural, onde são detalhadas medidas para aprofundar e democratizar o acesso, a produção e a fruição cultural da cidade, resultado de discussões e debates públicos. Caso ajude, sugerimos consultar as edições anteriores desta “A Gazeta”, que trazem matérias sobre este assunto.
Além disso, já deixamos público antes, não participamos de algumas reuniões e encontros onde supostamente se discutiria política cultural. Ocorre que tais eventos já previam de forma antecipada que não seriam efetivados os mecanismos de controle social da cultura, como o Conselho Municipal de Cultura, e as ferramentas de financiamento, como os fundos públicos destinados ao setor. Sem isso, como ocorre ainda hoje, toda e qualquer discussão sobre a cultura é inócua, improdutiva e irrelevante. É preciso dizer que a única representação a que nos permitimos se dá nos palcos. Na vida cotidiana, não adotamos personagens, não participamos de encenações e não negociamos a verdade.
6) Diante disso tudo, reiteramos e não cansamos de mencionar o histórico de atividades realizadas pela Casa do Teatro, que percorre por quase duas décadas, reunindo artistas, produtores culturais e mobilizadores sociais. Entre as nossas principais parcerias, podemos destacar os seguintes: Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Secretaria Especial dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Ministério da Cultura e Itaipu Binacional, entre diversas organizações sociais locais.
7) Por fim, como não acreditamos na omnisciência e nem na onipresença de seres humanos, além de nos dirigirmos ao seu veículo de imprensa, também enviamos a presente correspondência aos seus cuidados, na sede da Fundação Cultural, para que o senhor tenha acesso ao presente conteúdo tanto na condição de colunista como de ocupante de cargo público, com o único objetivo de proporcionar a veracidade e a qualidade na informação.
Atenciosamente,
Foz do Iguaçu, em 15 de abril de 2010.
Arinha Rocha, pela Direção da Casa do Teatro
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